Eu sempre sofri de gastrite, intestino preso, às vezes crises de diarréia e também sempre fui anêmica. Em janeiro de 1996, após cirurgia para a retirada da vesícula biliar, comecei a ter fortes crises de diarréia e vômito. Em dezembro de 1996 cheguei a pesar 32 quilos. Um mês depois, com uma biópsia do intestino delgado, o diagnóstico de Doença Celíaca foi confirmado.

Aí fiquei sabendo que, para o resto de minha vida, eu não poderia mais comer pão, macarrão, pizza, bolo, biscoito, bolacha, salgadinho, tomar cerveja ou whisky. O meu organismo é extremamente sensível ao Glúten e em caso de ingestão de algum desses alimentos aquela crise poderia voltar rapidamente. Após uma profunda depressão resolvi reagir.

Comecei a estudar a doença e pesquisar receitas alternativas para que minha alimentação fosse a mais habitual possível, sem parecer uma dieta fora do comum. Minha primeira batalha foi com o pão, pois 35 anos comendo esse maravilhoso alimento, como iria substituí-lo ? Após vários cursos, pesquisas e inúmeras experiências, desenvolvi uma receita de pão que me satisfez.

Mas eu não queria parar no pão, não achava justo não ser convidada a encontros em bares com amigos, almoços em família e festas de aniversários só porque não posso consumir aqueles cereais proibidos.

Fiquei imaginando uma criança celíaca sendo obrigada a ficar em casa enquanto seus amiguinhos cantavam “parabéns a você” e comiam salgadinhos e bolo de aniversário. Fiquei imaginando essa criança na escola, onde alguns professores insistem erroneamente em separar o celíaco dos outros alunos, só para que ele não veja aquela merenda de papinha de bolachas ou sanduiche.

Nessa época, com apenas uma colaboradora, eu fiz a “loucura” de inventar, nada mais, nada menos que 30 produtos sem glúten para que o celíaco voltasse a viver em grupo novamente.

“RESTRIÇÃO ALIMENTAR SIM, RESTRIÇÃO SOCIAL NÃO.”

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